Criei o espaço para publicar minhas idéias, digo poemas, apenas pensamentos espremidos até formarem versos. Puramente leigo, mais um diário que qualquer coisa.

Uma descrição do que passa por mim e do que fica, meu ponto de vista que é bastante restrito, desse tecido tão interessante, a alma humana.

Espero que apreciem a visita.


Todas as imagens são da internet e de propriedade dos respectivos sites.

sábado, 29 de maio de 2010

Poematizes e tons

Questionei-me do por que
desabafa minha alma em metáforas
transcreve sentimentos em versos
não em forma linear, um texto

Minhas mão respondem tristes
faltam-lhes o dom com as tintas
não podem pintar um momento
que passa do lado de dentro

Não há câmera que capte idéia
como não verbete para saudade
nem matiz para paixão, ardente
ou expressão para traição, dor.

Aceitei os argumentos e entendo
o verso,tão dúbio e incerto
encontra aí seu trunfo maior
pode esconder mais e mostrar.

A mágica do verso não rima
é ritmo, intensidade emoção
a beleza vem da interpretação
instantâneo sem foco, infinito.

Paixão

Egoísta e tão humano
o amor por si se basta
o fato de amar é feliz
basta-se por existir

Qual prazer é sentir-se
estendido noutra alma
num espelho, o oposto
repartir a si e ganhar

Dar-se e sentir receber
tudo é intenso e sensível
o mundo gira ao redor
tudo espera, nada quer

Ação e emoção em potência
da luxúria à pura inocência
com todos os matizes e tons
espectro do belo, espetáculo.

Tempo-espaço

Meu tempo é aquilo que faço
não ações concretas, mais
o que passo o que penso
aquilo que me leva até.

O tempo é eterno, e não o é
cada instante é único momento
jamais estaremos sempre ali
por isso só somos finitos

o corpo, mente não suporta
dividir tanto em tão pouco
somos simples e materiais
finitos e limitados, únicos.

Eis o que faz cada um diferente
o que nos aproxima como iguais
todos vivemos e apreendemos
dentro do tempo que passa.

A beleza disso é imperceptível
tão sutil que se perde invisível
mas a alma compreende e traduz
com o sentir o que não compreende.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Devaneio em movimento


Tão impressionante e admirável é
alçar vôo livre uma ave de rapina
toda liberdade e poder que emana
belo de uma forma poderosa, fascina

Os olhos vasculhando o horizonte
Confiantes de suas poderosas asas
A sós um rastro no vento, livre
o bale da caça parece mágica.

Quisera eu ter asas tão fortes
A confiança dos olhos vorazes
Equilíbrio e graça, liberdade
Jogar-se no vazio confiante.

O alvo encontrado na mira
A confiança corrente, veloz
Golpe certeiro, um inexorável

Tem-se farto e põe-se a brincar
Não há saída sem lutar, inútil
Fora dominada pelo fascínio.

terça-feira, 25 de maio de 2010

"In-sight"



Guardo sempre a receita,
que me cura dores difíceis
males da alma, intratáveis
que se vão como se lavados.

Olho o dia lá fora, sim dia
seja sol, chuva ou temporal
deve-se olhar com cuidado
calibrar as lentes no belo.

Em lugar de ruído baixo, ou nenhum
ou ouvindo o som das aves e o vento
respiro profundamente, bem devagar
deixe sentir o sangue renovado.

Imprimo um retrato em movimento
de sons que posso ouvir, música
das cores que posso ver, beleza
mas o mais importante de tudo
estar ali podendo captar o infinito.

A beleza de estar vivo é sentir
que se está vivo e só, perceba
que sem companhia o momento fica
íntimo, puro, assim é a mágica.

Ilusão de vista

Ao verso comum não me entrego
ao fato contado apenas registro
o passado é história, aprendida
mas não para ser copiado literal.

Tentar achar a luz lá no fim
quando é tudo escuro em mim
Até mesmo minha rima pobre
esquece de formar o dobre.

Labirintos são feitos para esconder
Mas reza a lenda perdida no tempo,
aquele que o constrói, para abrigo
Ainda um dia, nele mesmo fica perdido.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dormencia




Como posso privar-me do senso comum?
Parecer comum e agir como qualquer?
Se tão pouco compartilhasse a visão
alegre da criança faminta ao comer,
o pai de família com salário certo,
o doente que progride em tratamento.

Meu sentidos são torpes e afetados
captam muito e ainda nada sinto
a beleza chama lá fora, intensidade
eu grito aqui de dentro: silêncio!
Como pode haver pranto e sorriso?
Viver ainda que sem uma boa razão.

Viver o presente que eu não abri
esperar um futuro que não sonhei
olhar um passado que não construí
amar alguém que, tão pouco admirei
chorar pelos erros que nem cometi
sentir saudade das amizades consegui.

Poderia me dar folga a consciência?
Minha seriedade desaparecer agora
deixar o tempo limpar essa casca
manta espessa de medo e angústia,
que cobre todos os passos infantes
e me alcança ainda na mocidade.

sábado, 15 de maio de 2010

Ser e não estar

Um vazio no espaço, uma ansia
completo de desejo sem objeto
querer sem saber o que ao certo
vontade de correr, estado suspenso
o corpo inteiro vibra e reage
sem mover-se um centésimo sequer
a respiração inalterada mas
pensamentos trabalham em fúria
O mundo inteiro congelado
e não existe lugar para estar.
Em algum lugar sorrateira foi
a paixão que me consumia
escondeu suas garras à espera
de estancarem as feridas abertas
o momento certo de voltar
com nova face e novo tentar.
Segue meu coração a bater, lutar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Inexplicável detalhado

Quando tudo parece igual
Nada parece servir, jamais
Aquele momento em que
O tédio nos domina,

Essa coisa pesada, fluida
A sensação de vazio
Supera qualquer coisa
Engole qualquer sentimento

Traga-nos como a areia movediça
Enlevo do ócio absoluto, e
Ainda que não estejamos tristes
Nos derruba fora da alegria.

Um querer ser e não estar
Vontade de correr, voltar
Senso de direção sem saída
Estar machucado sem a ferida.

Quem não experimentou já
tal sensação tão descabida?
É mais um dos sintomas que
atesta nossa humanidade.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Confusão

Estranho como tem fama,
má fama é o que digo,
Os poemas e assemelhados.
São tortos e dificultosos.

Poemas são, a meu ver
tão difíceis quanto ver,
complexos como conversar
intrínsecos, e explícitos.

Claro! Nós banalizamos,
Nossos atos e diálogos
Somos sempre egoístas
Pensando que nos entendem.

Veja bem, quando digo algo
espero ser compreendido
mas nem sempre acontece
e quase nunca é conferido.

Temos diálogos desinformados
Somos medícres com palavras
Temos medo de dizer tudo
Então dizemos só metade

Para que a metade seja
aceita e completa no outro
Assim somos aprovados
no simples da linguagem.

Escrever de coração é
um dilema, expomo-nos.
Mas no fundo das palavras
há sentimentos verdadeiros.

Um poema é completo, o tudo
Sempre confuso e é incerto
assim como nós o somos
E depende da interpretação.

domingo, 9 de maio de 2010

Tempo

tudo consiste simplesmente
em deixar acontecer
mentalizar o que se quer
por as mágoas de fora
ouvir a consciência

todas as feridas invariavelmente
em algum momento fecharão
mesmo que fiquem cicatrizes
para que lembremos das lições
onde quer que a felicidade alcance

ter sabedoria de aprender
entender que tudo passa
mesmo os bons momentos
para que valorizemos
o dom sublime da vida

terça-feira, 4 de maio de 2010

Autenticidade

Tentei plantar flores
esperando borboletas
Colorirem meu jardim
Alegrando meu sorriso.

Cultivei bonitas flores
Compradas todas por mim
Escolhidas da floricultura
Segundo me disseram bonito

Mas ainda faltava algo
Ele parecia tão vazio
Sem florescer ou perfumar
Sem ruido e sem vida.

Arei toda terra então
Destrui qualquer muda
Deixei exposto o solo
Adubei e esperei a chuva

Em pouco tempo voltaram
Sementes diferentes
que lá estavam nasceram
Um colorido perfumado

Naturalmente aconteceu
E meu sorriso estendido
Notando o que já havia
E permanecia inerte.