Criei o espaço para publicar minhas idéias, digo poemas, apenas pensamentos espremidos até formarem versos. Puramente leigo, mais um diário que qualquer coisa.

Uma descrição do que passa por mim e do que fica, meu ponto de vista que é bastante restrito, desse tecido tão interessante, a alma humana.

Espero que apreciem a visita.


Todas as imagens são da internet e de propriedade dos respectivos sites.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Paciente

Se nada faz sentido
o mundo contrariado
tudo estaganou-se
sem sensação, perdido

o coração inócuo
transborda vazio
não se pode supor
ser só invólucro

o tempo todo tudo
agir sem consciencia
casca errante segue
buscando a essência

seja bálsamo ou fel
que seja abundante
espera-se ter o céu
ou a dor lascinante

mas sentir-se vivo
vivendo, sentir

sábado, 26 de junho de 2010

Alma em vermelho carmesim

Um querer desalmado por possuir
fome ardente a consumir e roer
alcançar ossos, músculos e carnes
cinco sentidos carentes ampliados
uma concentração egoísta de querer
o não bastar-se total dependência
total intensidade da carência.

Some-se o pudor vai-se timidez
olhos atentos em brilho febril
mãos desenvoltas com altivez
mente em vulúpia com seu ardil
sentir e tocar, receber e dar
doar e perder-se nessa mescla.

Tolher-se da visão pelo olfato
satisfazendo audição e o tato
deixa-se levar pela enxurrada
o som que apanha o toque, cor
o cheiro enleva a alma, tato

Sentir-se pleno e ir além
querer doar-se percebendo
satisfazer o ego além de si.

Em branco

Cor da luz, tão vibrante
remete ao saber, consciente
ao tempo futuro ou presente
o que se faz aparecer, claro.

Uma cor de dois lados, tal
como o é o saber, apreender
algo palpável e compreendido
definido, nem sempre completo.

O puro, o alvo, mistura, espectro
tanto em um só que extravasa, luz
o matiz mais aguçado, da percepção
aquele que desvenda, conjunção.

O tudo que vem vazio, afinal
viver é contradição, dúvida
sem desafio, não há reação
ausência do estímulo, inércia.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Recompensas

Quando tudo é escuro e triste
o brilho do sol não aquece
um vento frio, fustigante
o caminho difícil e errante

Abrir bem os olhos e atente
achar os detalhes, confiante
as surpresas que acontecem
porque antes não vistes

Um olhar amigável discreto
o apoiar de uma mão, afeto
sorrisos em vão, carinhos
um abraço perdido, amor.

Achar em meio ao escuro
tais miudinhas estrelas
tão chavão, tão intrínseco
mas na prática um desafio

sábado, 19 de junho de 2010

Pré-vendo um acontecer



Vez e outra vem me visitar
aquele ser feminino, mulher
que um dia ei de tornar-me
não que seja outra, é futuro.

Dança ela comigo e me embala
doa-se em idéias, verdades
que posso pensar apreendo
realizações, sonhos, certeza

Aquela que será, um dia serei
sabe melhor que qualquer um
todos os meus medos, defeitos
dita-me os caminhos e ensina.

Enquanto aprendo errando, choro
escuto todos os movimento dela
enqunto ergue as asas, sorrisos
emergindo um pouco, todo dia.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Amontoados e bagunçados sentidos


A casca vazia corroída
a voz que soa, sumida
Ecos de um não sei
perdidos no vento.

Pensar é irracional
Sentir não é funcional
Penso nisso tudo e logo
Mal suporto esse sentido.

Quem inventou o coração
não lembrou do detalhe
de fazê-lo resistente
para ajudar a gente.

Ele é uma coisa oca
pulsante e vibrante
frágil, sim muito
e completamente boba!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Reescrevendo


Tentar fazer tudo diferente
Trilhar o caminho distante
Parecendo ser indiferente
Mas sou mais um viajante.

Quem sabe quando tudo é rosa
Nessa coisa toda instável
Do querer e não saber o que
mas amar tanto, sendo um

Passarinhando e querendo
ser caçada em pleno voô
Sendo predadora altiva
de cenho fechado e feroz

Quem percebe emoção ou amor
ante a face serena da esfinge
em seu jeito muito leonino
Sucitar dúvidas infinitas?

Eis que me perco em entender
Me encontro sem achar resposta
e o reflexo da dúvida, pausa
tempo eterno das pirâmides.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Procura-se manual

Ver a luz pela primeira vez
sentir o calor maternal
ouvir o som paterno, a voz
encher os pulmões, existir

Uma máquina fantástica, genética.
Absoluta, complexa, fascinante
Por isso tão cheia de falhas
Mas elas se compensam, sempre

De alguma forma o design completa
Cada uma das falhas com bônus
Isso equilibra seu funcionamento
Faz com que tudo seja melhor.

Nem sempre são fáceis comandar
Interação pode ser assustador,
uma vez que defeitos se unem
Ou qualidades são díspares.

Uns nascem tão prontos, perfeitos
Outros são mais inacabados, talvez
Falta de trato diário, defeito
Só não há manual de instruções.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Desenhando arestas

Limite é uma palavra pequena
mas tão cheia de significado
uma pequena bem autoritária,
que se basta e completa.

Por que a liberdade que é
tão bela e faceira não passa
por cima dessa pequena feia
e transgride sua altivez?

Porque respeito e educação
são seus guardacostas leais
mas sem deixar de se-los
são amicíssimos de liberdade.

Temos aí uma parceria inédita
encaixe perfeito das palavras
expressão do complexo simples
mas tão ininteligível à alguns.

Temos um corpo tão frágil
limitado, fraco, débil, belo
se medirmos nisso quem somos
não compreendemos o existir.

Por conviver com outros corpos,
dotados das mesmas fraquezas
aprendemos a apreciar no outro
a nossa pequena e própria beleza.

Desde que consigamos fazer
o jogo das palavras e pensar
além desse invólucro limitado
pra dentro do pensar infindável.