
Como posso privar-me do senso comum?
Parecer comum e agir como qualquer?
Se tão pouco compartilhasse a visão
alegre da criança faminta ao comer,
o pai de família com salário certo,
o doente que progride em tratamento.
Meu sentidos são torpes e afetados
captam muito e ainda nada sinto
a beleza chama lá fora, intensidade
eu grito aqui de dentro: silêncio!
Como pode haver pranto e sorriso?
Viver ainda que sem uma boa razão.
Viver o presente que eu não abri
esperar um futuro que não sonhei
olhar um passado que não construí
amar alguém que, tão pouco admirei
chorar pelos erros que nem cometi
sentir saudade das amizades consegui.
Poderia me dar folga a consciência?
Minha seriedade desaparecer agora
deixar o tempo limpar essa casca
manta espessa de medo e angústia,
que cobre todos os passos infantes
e me alcança ainda na mocidade.
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