Criei o espaço para publicar minhas idéias, digo poemas, apenas pensamentos espremidos até formarem versos. Puramente leigo, mais um diário que qualquer coisa.

Uma descrição do que passa por mim e do que fica, meu ponto de vista que é bastante restrito, desse tecido tão interessante, a alma humana.

Espero que apreciem a visita.


Todas as imagens são da internet e de propriedade dos respectivos sites.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Muros

Construindo de sonhos e projetos de sorriso o jardim
cultivando belíssimas flores e desenhos trabalhados
paisagem sem igual cultivada flor a flor por anos
imensurável coleção, composta e recomposta, estudada
acaba sempre pisoteada e murcha após as visitações.

Amurando o jardim aos poucos e cuidando com mais afinco
diminuindo os olhas e passeios de seres alheios, pragas
o jardim vicejava lindo dentro dos muros bem altos
ansiavam todos por conhece-lo enfim tão bem tratado
e retornavam a alegria e os passeios entre as flores

A destruição inevitável e o pisoteio interminável
acabavam por desmontar o belo e cuidadoso trabalho
Subiam-se aos poucos e cercavam então grossos muros
mais altos, mais fortes e escondiam o novo jardim

Não se ouvia mais os comentários alegres e elogios
tantas as flores desenhando-se em pituras magníficas
o silêncio absoluto reinava em todo lugar agora
ninguém mais destruiria a paz que reinava solitária

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E se diz: "dizem por aí..."

Diz o mundo que se ama muito
Convenientemente pouco tempo
Diz a vida que as flores são belas
E efêmeras, um piscar de tempo
Dizem que ama-se conhecendo
Não existe amor fora do tempo
Diz o verbo que a verdade é uma
Pluralidade não existe no planeta
Diz o poder que a massa é moldável
Gente boa é alegre e não reclama
Dizem que se deve ser feliz assim
Sem pedir mais, só de esperança

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Perdida

Perdi meu sorriso no teu
Um falar assim manso
Uma alegria calma, feliz
Uma pele com beijo de sol
Um cabelo de cachecóis

Perdi minha alegria na tua
Fonte que se afasta longe
Sorris pra tantos e nem viste
Quando brilhei a rir por ti
E fui apagando ao longe

Perdi minha vontade de ti
Quando não soube o que dizer
Quando quis te roubar
Quando tudo é só sonho
Sem mais que meu coração

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desamores e fantasias

Feitos em moinhos de vento
Seguindo o imaginário infinito
Conduzindo um dia pós outro
Tentando levantar do pó em pó
Destruindo futuro para manter
O Presente intacto e fluido

Homeostasia em carne viva
Se erguendo para mais um sol
Todo tempo feito de nada
Ainda é tempo passado
Quem sabe um dia vire tudo
Sonho vívido tridimensional

Quando a coragem não fraquejar
se o dedo não mais censurar
ou as palavras pausarem em mim
de assombro pela ignorância
e os versos congelados cessarem

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Obrigada!

Depois de longa pausa sem criativo processo
por contratempos sem tempos, regresso a fim
eu-poético renovado e palavras fervilhando
agradecimentos múltiplos por todo carinho
meu apreço por cada alma que espiou
através de minhas parcas lentes/palavras
sua própria realidade, seu ser vivente
abraços em sorrisos e gratidão em versos
que possa passar de espaço em espaço
para agraciar a cada um de vocês, obrigada.

sábado, 30 de julho de 2011

Em edição

Tempo-espaço em dissolução
respostas sem questões
encontros feitos a sós

corrida dos sonhos futuros
abraços de memórias débeis
velocidade da luz no presente

Viajar com pés plantados
a cabeça cheia de nuvens
paradoxos equivalentes

fazendo companhia para si
em um mundo de solitários
alma ímpar sem direção

terça-feira, 12 de julho de 2011

Suspiros em branco

E a inspiração correu de mim
garoto perdendo sua pipa,
fugiu sem se quer pestanejar
cachorro correndo sozinho,
num torvelinho de confusões
folha voando solta ao vento,

Fiquei parada em mudo espanto
lágrima que para no rosto,
cristalizadas minhas palavras
inseto preso na seda alheia
nem mesmo o pranto em melodia
olhar de criança sem emoção
me faz agora companhia.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Palavras múltiplas

A menina de cabelos brilhantes
Sorria um sorriso azul em sol
O cabelo fúlveo a reluzir só
Seus passos pequenos a saltitar

Olhava seus amigos a beira da ponte
Cada qual tramando suas traquinagens
Todos lhe eram queridos, mas amigo
O melhor deles ficava na estante

Ela guardava com carinho a capa dura
Amoldada pelas quedas na estrada
Sujo nos cantos das folhas do campo
Presente da avó que se fora a pouco

Ela ansiava que a avó pudesse ler
Agora que ela poderia escrever
Como lia o mundo todo assim
Guardava tudo que via em versos

A avó lhe ensinou a ler e escrever
Antes de andar de bicicleta, já sabia
Desenhava e coloria, mas nos versos
Era nos versos que ela pintava tudo

domingo, 26 de junho de 2011

(Di)Vagando

Hoje vou dormir, tempo infinitivo,
Nem mesmo o céu saberia me dizer
Os aconteceres que se acumulam-se
São força motriz, energia reversa

Quando a semente posta, na terra-ventre
Precisa de repouso e do úmido calor
Das lágrimas e da força da compressão
Oprimida, ela saberá então rebentar-se

É do muito tropeçar, que se aprende
A levantar e erguer-se usando amor
Aqueles que mais alto chegam, são
Que mais sofrem na hora de des-ser

terça-feira, 21 de junho de 2011

E você cruzou meu caminho



E você passa assim inconsciente
De todo movimento que provocas
Na orquestra que reges, em mi

Esse volume alto dos seus lábios
Em risada que me percorre toda
Reverbera e derrama seu rastro

Esse tom de cabelos seus brilhando
Em castanho tom ardente, combina
Com meus olhos que devoram-lhe

Esse mover de pernas, tão marcado
Que rebolam meu coração para fora
Saltando da boca em gigantes sorrisos

Esse som da voz que passa rasgando
Todo véu que cobre meu desejo
Derramado assim, morno incontido

Esse seu olhar marcado e derretido
Arrebata meus sentidos e rouba
O chão, a cena, o coração e alma

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amor composto

Na ponta dos dedos todo o desejo queimando
na ponta da língua, fome de da vida anseia
na íris acesa, nenhuma palavra necessária
na respiração ofegante o fôlego se esvai

Tudo consumido em fogo intenso, tateando
saborear cada centímetro como última ceia
vislumbre em câmera lenta, dança perfeita
ritmo frenético e vontades satisfeitas

Um toque
Um sorriso
Uma lágrima
Um riso
Um beijo
Um suspiro
Uma carícia

Êxtase comum e tão surreal, sempre único
brinquedo de toda gente, jogo lúdico
não há regras, nem padrões pré destinados
pão do circo desse ciclo, é começo e fim


terça-feira, 14 de junho de 2011

Selo Sunshine Award


Esse Selo me é oferecido pelo amigo Poeta insano, do Blog Poetas Insanos, que me deixa mais uma vez lisonjeada pelo presente.

O Insano é alguém que além de escrever de forma tocante em belíssimos textos, sempre tem um comentário ou um elogio a oferecer, uma palavra amiga.

Recomendo que confiram seus textos.
(Obrigada Poeta Insano)

Então, vamos às Regras e aos Indicados:

1ª - Agradecer a quem lhe enviou
2ª - Escrever um post sobre ele
3ª - Mencionar no post os blogs selecionados
4ª - Avisá-los sobre o recebimento do mesmo


Sobrepuja-se
Gil Façanha
Moisés Augusto
Wekler Marcos Morra
Denise Scaramai
MLiz
~*Rebeca e Jota Cê*~
Zininha

Por comentar muito pouco em postagens que gosto e leio sempre, que o selo sirva como agradecimento por todas as leituras e reflexões que me proporcionam.
Parabéns à todos os Indicados!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fez-se escuro

Cabelo balança ao vento e o olhar brilhante
A perdição tomou-me de assalto, um pulo
Meu coração saiu correndo, sem pedir
E caiu aos teus pés, em silêncio humilde

Nada se pede, nada se implora, amor
Doa-se ou não, ponto final e exclamação
A lágrima retida na confusão levou afim
Em longa trilha, por tempos adiante

Corri de mim, fugindo de ti, onde estavas
Tropecei em outras pedras, preciosidades
Mais rápido, mais quedas, menos sorrisos

O caminho se afasta e o alívio também
Deixei também de saber a resposta
Da pergunta que primeiro me fez partir

Sobramos eu olhando,e o vento me balançando

domingo, 5 de junho de 2011

Meu verbo no infinitivo

Nunca pare de perseguir o que quer,
mas seja lá o que for que procure
só vem quando couber em você, certo
justo e reto no corpo como a pele
tudo que vem, vem no tempo certo
acontece só quando tinha que ser
e se assim não for, não há volta.

Olhar pra frente dá desespero
e olhar pra trás dá nostalgia
feche os olhos ou olhe pra cima
ou pro lado, alguém vai ver você.

Nada é fácil de conseguir, e claro
quem anda na linha, o trem pega
ou uma ventania derruba, queda feia

Os ecos e sons dos passos que fogem
ficam perdidos, nem são ouvidos
daqueles que chegam são acolhidos
seja pra bem, seja para desprezo

Conhecimento é um caminho de mão dupla
saber de mais é uma tortura, de dúvidas
saber de menos é ditadura, silêncio
Conhecer a si mesmo, é só uma utopia

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Frio do Sul

Não quero escrever, se a chuva não parar
se essa brisa não me aquecer, no inverno
se minha alma não voltar a fazer primavera
se nada mais germinar aqui, só torrão e pó

A névoa que cobre meus olhos e a tristeza
o vento frio que açoita a pele, resseca
é escuro lá fora e a respiração embaça
o soluço preso na garganta que tranca

Tudo é triste e frio, quando batemos asas
a liberdade cobra um preço caro, altíssimo
como o vôo que alça e encerra a jornada
em solidão profunda e palpável, é neve.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Desnudando sentimento

Tecendo minhas mentiras em tramas imensas
com elas, vestida em luxo desfilo o mundo
nelas me abrigo do frio solitário, encanto
nelas vendo o rosto quando tudo é espanto
em grossa malha mas macia, seco as lágrimas
invisíveis nessa trama, em que cabe tanto
colorida de sorrisos passados e de sonhos
ela me reveste a alma e embeleza os defeitos
em capa suntuosa me serve de enfeite, humilde
pode acolher em ombro aqueles que se achegam
esse enrolar de aconteceres e a, com tecidos
em tudo serve mas uma hora cai e me faz nua!
Um simples piscar de olhos e la se vai ela,
o vento não carrega ou a chuva não desbota,
o que o desejo derruba, ou uma palavra desnuda
e quando assim fazes, podes ter certeza disso,
me tomas inteira em carne e alma, e me fazes tua.


sábado, 21 de maio de 2011

Um flash

Esse brilho nos olhos
esse arfar de contente
uma respiração suspira
a pele que toca, arrepia
alma flutua, levitando
carinho morno que vira
em tormento ardente
e a tormenta que abranda
bem dentro da gente
a visão perpassa, futura
com uma mirada linda
tudo congela, faz silêncio
o mundo cala sempre
que a ternura se achega.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Escorrendo tristeza


A dor que sinto e que me rasga
vai corroendo qualquer respeito
qualquer réstia de sentimento
escoa quando escuto, vejo, leio

Gente que ri de gente diferente
Gente que humilha gente inocente
Gente que pisoteia gente indefesa
Gente que mata gente que crê
Gente que tortura gente que ama
Gente que odeia gente por ser gente
assim, simplesmente

Isso desgasta, cansa, entristece
Como pode alguem dizer que é gente
se por vontade própria esquece
aquele do outro lado da sua raiva
também é gente que pensa e sente

É assim tão difícil de imaginar
um coração querido ali parado?
Ver que alguem bem do seu lado
pode ser a próxima vítima
do medo de alguém encurralado?

Gente violenta tem medo, e esconde
esse medo em cara feia de fúria
Desconta sua frustração no alheio
em tudo que é desconhecido seu
Sem ter consciência de si, de nós.

Por mais difícil que seja ainda,
exercitar pra valer, a tal da cidadania
(músculo esse que até você desconhecia)
Nesse mundo tem muita gente, diferente
Ninguém jamais vive a sós, o eu é um nós.



domingo, 1 de maio de 2011

The Versatile Blogger

Alegro-me ao abrir meu blog e me deparar com o presente,
ao qual me foi oferecido pelo amigo Poetas Insanos


''Este prêmio é distribuído ao “blogueiro versátil”,
aquele que transpõe sua idiossincrasia, dando forma,
sabor, experiência a um eu-lírico que clama por novos horizontes
e desafios metamórficos''.

Me alegro tanto com o presente quanto ao prazer em que tenho ao
ler e acompanhar o blog dessa pessoa admirável, que em cada palavra
deixa um rastro de sabedoria com sabor de poesia.

As regras para receber o prêmio estão dispostas logo abaixo:
1.Agradecer e linkar de volta o blogueiro que te enviou o prêmio.
2.Divida 7 coisas sobre você.
3.Premiar outros 5 a 15 blogueiros.
4.Entre em contato com esses blogueiros para avisar sobre os prêmios e para que eles levem o selo da versatilidade para seu blog e distribua a outros colegas blogueiros.

Então, seguimos nos recortes...
1º Nasci torta, e não tenho problema com isso, nem os defeitos nem as qualidades.
2º Sou tímida por natureza e a poesia é meu véu.
3º Respeito a tudo e a todos, mesmo que demore a aprender como.
4º Literatura é meu passatempo favorito, eu a devoro em leitura e escrita.
5º Meu humor depende da lua, muda como as estações.
6º Deus é como minha segunda consciência, acredito nele assim como inflo meus pulmões para sugar o ar.
7º Não acredito em amores perfeitos, mas quero viver um qualquer dia desses.


Apenas um corte nesse meu tecido fluido e constante, um esfregaço rápido e preciso como tal.

Agora, indico os 5 blogs aos quais são merecedores de todo reconhecimento:

http://abarcadosamantes.blogspot.com/
http://sweetmonet.blogspot.com/
http://postsabeiramar.blogspot.com/
http://fogodeletras.blogspot.com
http://marcioezequiel.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Escrevo-me

Em ato exposto e visualizado
meu poema é sempre auto-retrato
esse rasgo de alma que se mostra
em nudez explícita e descarada
entrelinhas não escondem nada

Mostrar esse pedaço pequeno
como é uma foto, instantânea
aprisionar um único momento
transcrito em fonemas simples
como pintar-se nu, ao espelho

Tanta coisa cabe nessas minhas rimas
as vezes tão pobres ou mesmo nulas
que dançam ao som do riso histérico
ou choram com amargura descabida
a intensidade vívida em contraste

Ler-se como se fosse outro e ser
interpretado como se fosse alguém
deixar marcados os pequenos passos
que ficam na areia até outra onda
nessa ciranda poemada que se lê aqui.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Eu lírico, em romance

Um sonho bem sólido
maior que meus medos,
um amor que queime
forte o frio da solidão.

Um trabalho interessante
que me faça seguir sempre,
uma família presente
e a escolhida, os amigos.

Quero ter um sorriso
aberto e franco a todos,
a lágrima solta e sincera
que rega nosso crescimento.

Quero braços abertos
abraço hospitaleiro presente,
uma casa bem grande e cheia
sempre bagunçada em desordem
por onde fica minha gente.

Ah! O carinho amado e suave
esse eu quero ter sempre,
aquele amor puro e censurado
que nada cobra pra ser amado.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Abismada




Estranho vazio inerte e invisível
vendo o mundo por uma redoma
vidro intransponível e inquebrável
lacre eterno que deixa passar luz
e com ela ofusco sensíveis retinas
gravando em filme de emoção
o correr desses rios que passam

Passa a redoma girando afora, sombra
entre tantas almas andando coloridas
tanta vida tanta alegria gritando
cá dentro chega tudo em luz intensa
alcança a alma fugidia e assustadiça
em corrida bruta tudo se encolhe

Vidro frio e insensível nada passa
lá dentro tudo parece tão quieto
as retinas dilatadas encolhem
uma exclamação muda, um eco
O som reverbera nas paredes
uma exclamação muda, um eco
as retinas dilatadas encolhem
lá dentro tudo parece tão quieto
Vidro frio e insensível...

em corrida bruta tudo se encolhe
alcança a alma fugidia e assustadiça
cá dentro chega tudo em luz intensa
tanta vida tanta alegria gritando
entre tantas almas andando coloridas
Passa a redoma girando afora, sombra

O cinza desbotado que não é cor
cala o colorido e assusta a luz
torna a virar e escorre camuflado
a paisagem toma cor novamente
o som volta a vibrar o ar
e as exclamações mudas seguem
sem conseguir alçar seu voo
reverberam no infinito em cinza


terça-feira, 19 de abril de 2011

Inspiração alheia

Em jorro vívido e vermelho
sangue velho e coagulado escapa
entre cerca apertada dos dentes
fluido viscoso que escorre e queima
aberta a víscera e desmantela
passa adiante derretendo, mudando

Um pulo no escuro jogar-se ao abismo
enfrentar o medo dentro de si
e virar-se ao inimigo revolto
o espelho que é igual oposto
essa teima constante que se quebra
desgasta por dentro e tudo arrasa

Argumentação infinita que se move
entre outras discussões da teia
cruzando caminhos e pisando espinhos
expele o resultado verborrágico
o veneno destilado desse resultado
atirado em versos desconexos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Por onde anda?

O bendito ser que pode colocar
luz nos meus olhos, enormes asas
nos meus pensamentos mais coloridos
acelera meu coração com um só toque
faz arrepiar aos cabelos na nuca
tem os braços mais quentes do planeta
o som musical que discorre sempre
como se tudo soubesse e de tudo visse
que é belo sem tentar sê-lo
esse que devora com um olhar mais longo
despe-me com um pensamento e toma
minha alma inteira num beijo
com a maior paciência do mundo
aceita todo comentário sem graça
e sabe ficar em silêncio quando
toda tormenta deste coração rompe.

Ser em extinção nessa era descartável
onde hoje se tem o que amanhã é nada
o desejo é só que importa nesse vazio
fome de liberdade infinita, inexorável
esquecida das prisões do amor
o traumático cárcere de comprometer
sua palavra com único ser.

Se me encontrares toma-me com fúria
enfrenta minhas recusas todas e
derruba o muro forte do desdém
e não largues assim tão fácil
serei eternamente grata, e apaixonada.

domingo, 10 de abril de 2011

Um modelo, um molde, que navega a esmo

Essa massa plástica e convulsa
que torna e distorce sobre si
trata de desvendar mistérios
gerando novos caminhos e entendimento
tudo tão tênue e tão precário
uma sobra de matéria que se faz idéia
essa mesma plástica dura como rocha
fixa-se e transtorna, sem deixar ir

Esse pensar metódico desmesurado
o medo de tudo formar-se errado
paixão que arde em dúvida
amor que renova-se todos os dias
o vento que troca de direção
qual é a mão que opera estes milagres?

Massa constante de suas inconstâncias
no vagar nessa órbita irremediável
tentando achar rumo no inexorável caminho
uma vontade tão forte que molda
a cada passo um pouco mais resistente
até que nada aguente e desfaça
em quantos pedaços couber essa mente

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Com esses meus olhos

Em tempos de distração, perco
a vista para o mundo lá fora
me embalo com a beleza do que vejo
sorrisos soltos e conversas fragmentadas
vento nos cabelos e risadas
um abraço, um beijo
Essas janelas de minh´alma se esquecem
e param no tempo a contemplar
vida pulsante, instantes
a beleza intrínseca de todas as coisas
com ou sem um plano definido
fazendo ou não completo sentido
sinto-as todas como se visse um filme
minha inocência de menina admira
e reverencia a pureza do ser
fazendo-se verbo, presente e futuro

Conjugação do poema

Eu poemo
Tu lês
Ele comenta
Nós entendemos
Vós criticais
Eles decidem

domingo, 3 de abril de 2011

E quero

Ser a chama que trespassa
vento morno que enleva
A palavra decidida e final

O esgar de dor o nascer a cria
o grito de dor e lágrima morna
essa chama ardente de fúria

Sedução em misto de penúria
A briga regada de compreensão
dualidade extremada em carne

Aquela que sente acima de tudo
que é tantas coisas em um corpo
essa doçura disfarçada em fel

Quero ser isso tudo, tanto
sendo apenas um ser como outras
essa maravilha de ser mulher

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sintonizando

O seu sorriso perfeito
som do seu riso a soar
Tira meu tom, transforma
troando no ar tilititar

Cor desse olhar, cintilar
condena-me a contemplar
abraço aperdado, antecipa
aguardado beijo almiscarado

Algo no tom do teu corpo
vibrou a corda do coração
frequência gêmea da canção
Ondas opostas gerando som

O medo dissipa no teu aperto
O calor aquece meus temores
tudo suspenso num fio tênue

O balanço da maré, a lua
Um poema perdido no vento
Teu coração em movimento

segunda-feira, 21 de março de 2011

Perdida nesse espaço avesso

A poeira varrida, sob o tapete
a máscara grudada sobre a face
uma dor coberta de sorriso
paradoxo eterno e compatível

Um sociavel ser, é dissonante
no todo mas de igual essência
confuso e caótico, ordenado
sonhando ideais, pré-concebidos

Perdido vagando numa Via branca
a deriva como um grão de pó
mascarando sua enorme pequenez
em monumentais engenhocas, é só

Trocar a segurança por liberdade,
a liberdade por proteção, o medo...
Trocar o certo por várias dúvidas
solidariedade por responsabilidade

O respeito tornou-se lei, penalidade
Educação merece premio, é raridade
a confiança ganha hoje tem validade
essa antiga ladainha não tem idade.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A depressão, o medo, o lado azul




O que se pode dizer que descreva
claro como a luz que me ofusca
tamanha consciência da ilusão
Uma pureza de alma e espírito
Assombro macabro de todo vazio

Esse mistério simples e claro
Paralelo intrínseco com existir
essa dor insensível, conhecer
O singelo toque do que cerca

Essa luz ofuscante, fugimos
Corremos com toda vontade
Tememos tanto a esse instante
Bem mais doloroso que morte.

O desespero dissolvido que é
em si a essência da antítese
de toda a esperança, da fé.

A tudo que buscamos, possuímos
sumo de tudo que agrada a alma
no só momento, a sós destruímos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Enlevo

A luz desses olhos me prende
embalada na ternura do sorriso
envolta de um sede infindável
inflamável com um só gesto

Perdida nesse presente
eterno momento de gozo
suavidade e selvageria
completamente imperfeito

Benção única e singular
carma unilateral, se só
Uma chance em milhões
Milagre comum dos dias

domingo, 16 de janeiro de 2011

Vertigens

Vácuo constante, o pensamento
em um voo tangendo a realidade
passa além do normal e transpassa
qualquer velocidade, antinatural

Nada escapa e tudo é percebido
em níveis extremos, do processar
amarrando as idéias sempre a voar
preso no azul eterno, céu infinito

A distância é tanta, de seu próximo
a solidão palpável pesa às costas
dominando as alturas, sem direção
nenhum caminho, nem obrigação.

Tão longe da superfície sempre
fora de toda regra, fugidio
uma sombra brilhante no céu
a árvore que tomba na floresta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Livro

De asas diversas em papel cartonado
faço minhas avesinhas, todas elas
devoro o vôo, breve ou longínquo

Sejam aves emplumadas coloridas
ou pequenos pombos cinzentos
ainda que sejam muito antigos

Cada um traz consigo segredos
histórias e estórias inventadas
lembranças de vidas passadas

Essa mágica sem forma definida
que se faz musical e colorida
embala-me sempre com enlevo

Imagino o começo, um certo dia
formas no barro, idéias em forma
o arranhar do papiro, a prensa
os tipos todos impressos, na tela.